A OBRA MAIS ANTIGA DO ACERVO



Há 40 anos, quando criou a obra ao lado, P.P. “não sabia nem aonde o galo cantava, gostava mesmo era de pintar”, lembra.

Tarsila do Amaral? Também não sabia quem era, mas via muitas obras dela em livros e revistas e numa tarde de 1971, com 13 anos, pegou a capa de um caderno antigo e as guaches que tinha e fez o seu Abaporu *.

Ele adorava a desproporção, o pé grande... Conta que misturou aquilo tudo, instintiva e ingenuamente, com a negritude brasileira e com um pouco de macumba... “sem muito texto ou pretensão”.

E como via muitas obras de arte pensava que assinatura de artista devia ser “uma coisa doida”, “invocada”. Por isso, ao assinar Pedro, fez “um caqueado”, segundo ele, unindo as letras P e o "porque tinha artistagem”.

A obra, sem título, foi pintada de uma só vez, no chão do quarto dele, quando morava na Gentil Bittencourt (entre Serzedelo Correa e 14 de Março) onde tem uma churrascaria, na entrada do Arraial de Nazaré.

Depois de pronta, a pintura de 25 x 20,5 cm foi para a parede do quarto. Hoje fica próxima a sua mesa de trabalho e é a imagem que abre o livro P.P.Condurú – Mostra 30 Anos.





*A mais famosa obra de Tarsila foi criada para presentear o escritor, Oswald de Andrade, seu marido, em 1928. Ao terminar, ela e Raul Bopp, amigo e escritor, visualizaram a excepcionalidade da figura. Tarsila escolheu o título no seu dicionário tupi-guarani (Abaporu: homem que come gente). Depois de ganhar a pintura em óleo sobre tela, com 85x73 cm, Oswald escreveu o Manifesto Antropofágico, iniciando o Movimento Antropofágico com a proposta de ‘deglutir’ a cultura estrangeira e adaptá-la à realidade brasileira. A obra foi adquirida pelo colecionador argentino Eduardo Costantini, por US$1.500.000, e estava no Museu de Arte Latino-americano de Buenos Aires (Malba). No período de 23 de março a 5 de maio de 2011, Abaporu fica no Palácio do Planalto, em Brasília, na exposição ‘Mulheres, Artistas e Brasileiras’, idealizada pela presidente Dilma Rousseff em homenagem ao Mês da Mulher.
  

Nenhum comentário: